Como executar no Brasil uma decisão estrangeira contra um devedor brasileiro com bens no país
Imagine a seguinte situação: você conseguiu comprovar judicialmente nos Estados Unidos que um brasileiro lhe deve um valor, mas ele possui todos os bens e patrimônio no Brasil. Como fazer para que essa decisão produza efeito no território brasileiro e seja possível executar a cobrança? A resposta está na homologação da sentença estrangeira perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O que é a homologação de sentença estrangeira
A homologação é o procedimento que torna uma decisão judicial estrangeira válida no Brasil. Sem essa etapa, o julgamento feito em outro país não pode ser executado aqui, mesmo que tenha transitado em julgado. Isso acontece porque cada país possui soberania jurídica própria, e o reconhecimento oficial é necessário para que a decisão produza efeitos perante as autoridades brasileiras.
Quem é responsável por esse processo
No Brasil, a competência para analisar pedidos de homologação é do Superior Tribunal de Justiça (STJ), conforme o artigo 105, inciso I, alínea “i”, da Constituição Federal. Somente após a aprovação pelo STJ é possível iniciar a fase de execução perante a Justiça Estadual ou Federal, conforme o caso.
Requisitos para homologar uma decisão estrangeira
Para que o STJ aceite o pedido de homologação, é necessário atender a alguns requisitos formais:
- Trânsito em julgado da decisão no país de origem (não pode haver mais recursos pendentes);
- Tradução juramentada da sentença e demais documentos para o português;
- Legalização ou apostilamento conforme a Convenção da Apostila de Haia;
- Comprovação da citação válida da parte contrária no processo estrangeiro;
- Respeito à ordem pública e à legislação brasileira.
Documentos necessários
Entre os principais documentos exigidos estão:
- Cópia integral da sentença estrangeira;
- Certidão de trânsito em julgado;
- Procuração ao advogado habilitado no Brasil;
- Tradução juramentada de todos os documentos em idioma estrangeiro.
Após a homologação: como executar a decisão no Brasil
Depois que o STJ homologa a decisão, ela passa a ter a mesma força de uma sentença nacional. Com isso, o credor pode iniciar o processo de execução no Brasil para cobrar a dívida e buscar bens do devedor.
Etapas do processo de execução
- Protocolo da ação de execução perante o juízo competente no Brasil;
- Indicação de bens do devedor localizados em território nacional (imóveis, contas bancárias, veículos etc.);
- Pedidos de bloqueio judicial e penhora;
- Leilão dos bens para pagamento da dívida, se necessário.
Nesse ponto, o credor já pode contar com todas as ferramentas processuais brasileiras para efetivar o cumprimento da decisão, incluindo o uso do SisbaJud e de outros sistemas eletrônicos de localização de patrimônio.
Por que é importante ter orientação jurídica especializada
O processo de homologação e execução de sentença estrangeira exige conhecimento técnico tanto do direito internacional privado quanto das normas processuais brasileiras. Por isso, contar com um escritório especializado, como a Global Law Advisors, é essencial para garantir que todos os requisitos sejam cumpridos corretamente e evitar atrasos ou indeferimentos.
Se você está em situação semelhante e precisa saber como homologar e executar uma sentença estrangeira no Brasil, entre em contato com nossa equipe clicando aqui. Nosso atendimento é 100% online e voltado a brasileiros que vivem no exterior.
Aspectos legais relevantes
O procedimento de homologação está previsto nos artigos 960 a 965 do Código de Processo Civil. Além disso, o Regimento Interno do STJ detalha as etapas e prazos para a tramitação dos pedidos. É fundamental seguir essas regras para que a decisão estrangeira seja reconhecida e possa gerar efeitos práticos no Brasil.
O que acontece se a homologação não for feita
Sem a homologação, a decisão estrangeira não tem validade jurídica no Brasil. Isso significa que o credor não pode cobrar a dívida, nem pedir penhora de bens, mesmo que a decisão no exterior seja definitiva. Ou seja, a homologação é o único caminho para tornar a sentença exequível em território brasileiro.
Perguntas frequentes
Preciso estar no Brasil para pedir a homologação?
Não. O processo pode ser feito totalmente de forma online, por meio de um advogado habilitado no Brasil com poderes para representá-lo. A Global Law Advisors realiza todo o procedimento de forma digital, facilitando para brasileiros que vivem no exterior.
Qual é o prazo médio para o STJ homologar uma sentença estrangeira?
O tempo pode variar conforme a complexidade do caso, mas geralmente o processo leva entre quatro e seis meses, desde que a documentação esteja completa e devidamente traduzida.
Posso cobrar juros e correção monetária sobre o valor da dívida?
Sim. Após a homologação, o juiz brasileiro aplicará as normas locais de atualização monetária e juros, conforme a legislação nacional, garantindo que o credor receba o valor atualizado.
O devedor pode contestar a homologação?
Sim, ele pode apresentar defesa (contestação) dentro do processo de homologação no STJ, mas apenas sobre aspectos formais, como ausência de citação válida ou violação da ordem pública. O mérito da decisão estrangeira não é reanalisado.
É possível pedir medidas urgentes antes da homologação?
Em regra, não. Medidas como bloqueio de bens só podem ser requeridas após o reconhecimento da decisão estrangeira pelo STJ. Contudo, em situações excepcionais, um advogado especializado pode avaliar estratégias preventivas cabíveis.
Conclusão
Executar no Brasil uma decisão estrangeira que reconhece uma dívida é um procedimento possível, mas depende da homologação da sentença pelo STJ. Esse é o passo essencial para transformar a decisão obtida no exterior em um título executivo válido em território nacional. Contar com profissionais experientes no Direito Internacional de Família e Obrigações garante que cada etapa seja cumprida corretamente e com maior segurança jurídica.
Para orientação completa sobre seu caso e início do procedimento, fale com a Global Law Advisors. Nossa equipe é especializada em atender brasileiros que vivem fora do país e precisam executar decisões estrangeiras no Brasil.
Publicado em: 27/10/2025
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